Desde criança eu sou um cara muito desligado. Nunca gostei
de estudar no sentido “escola” e em nenhum sentido. Gosto de ler, mas estudar com
professor e tudo mais, nunca gostei. Mas tinha uma coisa que me faz estudar,
além de fazer trabalho em grupo com a garota mais linda da sala e as promessas
de recompensa caso seja aprovado é comprar um caderno novo. Cara, isso é tudo! Durante
o ano inteiro eu não usava nem dez folhas do caderno. E quando usava, nove eram
desenhos de homem palitos. Mas no final do ano o caderno tava todo ferrado,
fedido e coisa e tal. Então aquele caderno ia pra pilha de cadernos não utilizados
e eu ia lá comprar um novo.
Essa é minha vida, esse é o meu clube. |
Quando eu comprava um caderno novo, eu também comprava
canetas, borrachas, apontadores e todas aquelas coisas que eu sempre perco por
ai. E eu saia da papelaria pronta pra dominar o mundo, pra ir pra Harvard e
botar o Bill Gates pra trabalhar pra mim como doméstica. Eu tava de caderno novo e ninguém me
segurava! Ai eu ficava esperando
inquieto, a professora entrar na sala, doido pra começar logo e encher o meu
caderno de equações e textos. Eu só ia tirar dez e ia ser o dono do Google com
meu caderno debaixo do braço. Ai as aulas começavam e eu enchia sete paginas do
caderno nos primeiros dias de aula, fazia o dever de casa e tudo mais. Na
terceira semana eu já nem levava mais a merda do caderno pra aula, muito menos estudava
alguma coisa.
Só que dessa vez eu não vou e nem posso deixar o caderno em casa.
E a empolgação vai continuar, até porque eu estou prestes a conquistar o mundo,
ganhar um Oscar antes dos vinte anos e comprar um Porche e daqui um ano já
estar morando em uma mansão em Paris com duas secretárias loiras que andariam
somente de colares floridos, e nada mais, me servindo.
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